
A importância da Filosofia Cristã, seu contexto histórico e objetivo:
A Filosofia cristão surgiu na Idade Média dentro de um cenário em que se destacou a grande expansão e predomínio do Cristianismo. Foi nesse período que a consciência religiosa (cristã) associou-se à consciência racional (filosófica) para construir a chamada Filosofia Cristã. A Igreja Católica passou a exercer importante papel político na sociedade medieval. Conquistou também uma enorme quantidade de bens materiais, além de, no plano cultural, exerceu ampla influência, traçando um quadro intelectual em que a fé cristã tornou-se o pressuposto, um antecedente necessário, de toda a vida espiritual. A Filosofia Cristã tinha como objetivo explicar racionalmente as verdades da fé, principalmente no período em que a Igreja perdia seus fiéis para o Protestantismo.
A Patrística: foi a Filosofia Cristã, da Igreja Católica, elaborada pelos padres, que buscou utilizar a Filosofia em favor da Fé, como forma de defender o Cristianismo dos ataques dos pensadores considerados “pagãos” e combater as heresias.
Santo Agostinho e a relação estabelecida por ele entre:
a) fé e razão;
b) corpo e alma;
c) vontade e pecado
Ele foi o principal representante da Patrística. Agostinho vai buscar nos filósofos clássicos, principalmente na teoria de Platão elementos que possam ser utilizados para fundamentar a fé cristã. Por exemplo, Agostinho se adapta os conceitos de ideias imutáveis e da reminiscência para justificar filosoficamente a existência de Deus.
Enquanto para Platão era possível conhecer a verdade através da razão, para Agostinho, a razão é um mero instrumento para a compreensão dos preceitos cristãos, de forma que, somente por meio da revelação é possível ao homem conhecer as verdades divinas. A Filosofia é um instrumento para explicar a Fé, porém, como seres limitados que somos, chegará um momento que ela não será capaz de desvendar os mistérios divinos, cabendo apenas à iluminação divida (por vontade de Deus) conhecer as verdades eternas.
Agostinho via no espírito a superioridade, sendo este responsável por comandar o corpo e não o seu contrário. A alma teria sido criada por Deus para dominar o corpo, dirigindo-o para a prática do bem. No entanto, quando o contrário ocorre, isto é, quando o corpo comanda a alma, Agostinho diz que nasce então o pecado, que tem origem das vontades do corpo. Por isso, ele dá tanta importância ao domínio da alma, por meio da sabedoria e da fé, sobre o corpo.
Iluminação divina e a doutrina da predestinação: a teoria da iluminação divina defendida por Agostinho diz que somente os escolhidos por Deus serão capazes de conhecer as verdades eternas e divinas. A Filosofia ajuda a compreender a fé, mas não é suficiente. A doutrina da predestinação diz ser necessário à salvação humana, além das boas obras e da boa vontade, a concessão da graça divina, concedida a poucos.
São Tomás de Aquino.
São Tomás de Aquino: padre dominicano, filósofo e teólogo, proclamado santo e doutor da Igreja Católica, que nasceu em uma província da Itália, no séc. XIII. Ele foi um estudioso de Aristóteles, retomando suas ideias e tentando conciliá-las aos preceitos religiosos.
Os princípios estabelecidos por Tomás de Aquino para a compreensão da realidade sensorial - a realidade que somos capazes de perceber por meio dos sentidos:
Princípio da não contradição: não existe nada que possa ser e não ser ao mesmo tempo e sob o mesmo ponto de vista.
Princípio da substância: entre os seres podemos distinguir a substância, essência - sem a qual ela não seria aquilo que é; e o acidente - qualidade não essencial, que se o ser deixar de ter ele não deixará de ser o que é.
Princípio da causa eficiente: é o que faz com que todos os seres que captamos pelos sentidos existam. Segundo Tomás de Aquino, os seres sensíveis são seres contingentes - que dependem de um agente que os produziu. Exemplo simbólico: o escultor que fez uma estátua. Neste caso, o escultor é a causa eficiente da escultura. Para a escultura existir (ser contingente) precisou de outro ser (causa eficiente).
Princípio da finalidade: todo ser contingente existe em função de uma finalidade, de uma “razão de ser”. Todo ser contingente possui uma causa final, uma intenção, o objetivo da coisa.
Princípio do ato e da potência: todo ser contingente (sensível) possui duas dimensões: o ato - que representa a existência atual do ser, que está dado no presente. E a potência - a capacidade real do ser, aquilo que não se realizou, mas pode se realizar.
1ª Prova: o primeiro motor – tudo aquilo que se move é movido por outro ser. Por sua vez, esse outro ser, para que se mova, necessita também que seja movido por outro ser, e assim sucessivamente. Se não houvesse um primeiro ser, cairíamos em um processo infinito. É necessário chegar a um primeiro motor que não é movido por ninguém – esse ser é Deus
2ª Prova: a causa eficiente – todas as coisas no mundo não possuem em si a causa eficiente de suas existências (não produziram a si próprios). São efeitos de alguma coisa. É necessário admitir a existência de uma primeira causa eficiente, responsável pela sucessão de efeitos – essa causa primeira é Deus.
3ª Prova: ser necessário e ser contingente – todo ser contingente do mesmo modo que existe, pode deixar de existir. Se todas as coisas que existem podem deixar de ser, então, alguma vez nada existiu. Mas, se assim fosse, também agora nada existiria, pois aquilo que não existe somente começa a existir em função de algo que já existia. É preciso admitir que há um ser que sempre existiu, um ser necessário, que seja a causa da necessidade de todos os seres contingentes. Esse ser é Deus.
4ª Prova: graus de perfeição – em relação à qualidade de tudo que existe, pode-se afirmar que há graus de perfeição. Assim, estabelecemos que uma coisa é melhor que outra, mas bela, mas poderosa, mais verdadeira. Se dizemos que algo é “mais” ou “menos” determinada qualidade, devemos admitir que existe um ser com o máximo dessa qualidade. Esse ser máximo e pleno é Deus.
5ª Prova: finalidade do ser – todas as coisas brutas, sem inteligência própria, existem na natureza cumprindo uma função, um objetivo, uma finalidade. Devemos então crer que, existe algum ser inteligente que dirige todas as coisas da natureza para que cumpram seu objetivo. Esse ser é Deus.
São Tomás de Aquino.
Atividade de Filosofia ( 2º ano)
1-O texto apresenta uma elaboração teórica de Tomás de Aquino caracterizada por:
(A) reiterar a ortodoxia religiosa contra os heréticos.
(B)sustentar racionalmente doutrina alicerçada na fé.
(C)explicar as virtudes teológicas pela demonstração.
2-Para São Tomás de Aquino, a existência de Deus se prova:
(a) por meios metafísicos, resultantes de investigação intelectual.
(b)apenas pela fé, a razão é mero instrumento acessório e dispensável.
(c)por meio do movimento que existe no Universo, na medida em que todo movimento deve ter causa exterior ao ser que está em movimento.
3-Qual foi o objetivo da Filosofia cristã?
4-O que foi a Patrística? E que relação ela propunha com a Filosofia?
5-Cite uma das formas que Tomás de Aquino conciliou elementos da Filosofia de Aristóteles com a doutrina cristã para provar racionalmente a existência de Deus:
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